Eram três pássaros e dois deles singelos, o outro um falcão de olhos maciços. Pousados na vida de um sopro sem sorte. O primeiro fez-se o mais belo, e o mais malcriado. Voava como quem esculpia um norte distante. E um dia ao tecer o caminho, voou rumo ao céu das aves passíveis.
E assim foi-se o primeiro dia.
O segundo era tão comum de corpo e cores que ninguém o viu chegar, mas se as penas mal se erguiam os olhos poliam e lustravam o Sol. E olhava pro sopro como sua guarnição. Afobava-se sempre que ouvia de nuvens, e estrelas então! faziam-no bom. Confundiu-se no bando que migrava e perdeu-se, e achou-se, e perdeu a viagem. Ali já não se encontrava.
Dia segundo passou.
O terceiro era a noite em plenitude, uma escuridão inquieta e de pose sensível(à luz direta). Ainda assim pássaro. O mais dedicado, o mais vigilante, o que tremia no sopro e findava no alto. Planava, jamais afobado, austero e tão infinito. Até tentar bater asas. Desprendeu do ninho sem fundo e sei bem que procura de longe: uma brisa que seja, a livrá-lo do peso de ser o grande dos ínfimos. Voa ainda.
Não sei quantas Luas passaram, talvez uma, talvez todas elas, mas hesito na corrente mais fria - estar sozinha ventando me leva ao mundo do lugar nenhum.
E ainda sem asas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário