sábado, 19 de novembro de 2011

Um rio; 21.12.10


Um rio sem beira
Sem correnteza
Sem lado de lá

De peixes miúdos
De águas mansas
De algas macias

De sóis e de luas
E de poucas noites

Um rio amoitado de qualquer continente
Sem amor de deus ou de gente
Vivendo de morte
E morrendo de vida.

Querendo ter cais ou porto
Atracar-se em barco de pesca
Desaguar em mar seu corpo

Um rio de pedra.

Pois de arrastar solo erodido
Desmanchou-se em queda d’água
E como que em mito antigo,
Fez-se ponte sua mágoa

Um rio perdido e sem fundo
Salgado do que agora chora
Derruba as almas do mundo
Enquanto num segundo

Evapora.

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