segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Aos velhos marujos; 01.04.11

Uns causos contados
ao som do quebrar
de marés, feitio maldito
aos desavisados,
aos cheios da fé

e o fumo queimando
o tempo perdendo,
tomou-se o encanto
por contentamento

Risos - que graça!
a história encoraja outra dose
(algum marinheiro tosse)
e a sorte parece ter cor
de baralho;

Eis que resvalam no conto
d'um senhor capitão
cujo nome perdeu-se;
 (talvez coisa da embriaguez
que a vez carcome)

meados de noite
nascido e criado
por moças da vida
partilhando celas
com pretos de forças
e caravelas altivas
guri de fé parda
 que assim que viu barba
em cores nascer
mil pais degolara
três mil namoradas
surgiram matadas
fundidas nas águas de seu desprazer

fluente com facas
"Ai de mim! se faças
meu rastro valer -
gritava o tal bando
- segui-lo é pra quando
o tal julgar merecer!"

desdenhador das levadas
prostrado entre anáguas
veladas que o sol afogava ao poente
queimado por fogo
de seu próprio corpo
talvez meio torto,
a desfalecer
que em mente jazia tamanha maldade
qual humanidade
cumpriria façanha de o ser?

sovina de tudo
sozinho e escudo
das proas- esculpidor
fazendo dos lemes a cavalaria
um homem morria
a cada Termidor

e em terra, por última vez
fez Guerra à pouca bonança
- sangrou, fundiu-se ao cais, -
 e a lua da temperança
baixou ao Sul do Mar Morto
por ora vermelho
por ora velho e brejeiro
sem seu bucaneiro- Rei
livre de pecados
por risonhos fados
agora era tido por fora-da-lei.

Bons anos em ondas curtidos
e em anos, homens contidos,
à espera de seu capitão
posto mortal por banal
bola de canhão

que riram, os arruaçeiros,
dos sentinelas guerreiros
honrados de seu infeliz
já qu’ homens chamados vis,
se não defuntos em tempestade
fechavam vivência servis
(entre baldes e barris)
c’o ganho
da idade.

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