segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Do galpão de sonhos findos; 27.03.11

Há no palco um solista,
Senhor de todos os mares
De acordes e fitas de cores
Das dores, que vem em pares.

E que, quando canta, enfrenta
Ares de contra-vapor
Noites, fagulhas, tormentas
E que ainda assim, diz-me: "Tenta!
Que se respiras, sei pr'onde vou."

Diz-me assim tão baixinho...
Um toque de almíscar no tom
Um cheiro novo de vento, prometo ainda que tento...

[Mas se me atento há um caminho
Escrito com outro sotaque
(Um baque
No som)].

Soletra um blues com meu nome
E em rimas, sonha comigo,
- E pobre daquele piano! -
Que no tênue tempo d'um ano
Dedilha mil fás sustenidos,

E me ama um pouco mais.

Ao fim, não sei se flutuo
Ou se parte do anil é quem desce
Sei só que encontro-me posta
Em canto que não na encosta
Da atmosfera terrestre.

E as pontas de meus cegos dedos
- Tremelicam, (em segredo)
E se dedilham, às tantas,
Os fados dos seus (desma)zêlos,
Se perdem nos pontilhados
Das dobras de seus cabelos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário