segunda-feira, 15 de agosto de 2011

De como começam os belos dias; 12.04.11

Passa o menino na bicicleta
Tira um fino na canela
Da senhora que, com muito esforço
Sobe as escadas do ponto
Levanta de cá o corpo, ela é puro osso
E vontade de cantarolar

Passa de novo, toca o sino
Que menino danado de leve
Provoca o jornaleiro e se deixa levar
Atrasa um ponteiro e meio
Do relógio da praça
E você agora refaça
A ordem do nosso curto versar

O trem custa a passar
A hora embola na motoca do sorveteiro
Passa o menino sorrateiro
Faz careta e derruba a sacola
A senhora faz troça da cor de camisola
Da outra que vem ajudar

A rua amanhece, a contragosto
O posto ainda tem um céu
Respingado de selos
E chicletes moldados em fita
A dita senhora acena
O poema vira emblema
Na bicicleta do menino                                                                                                                          
Que ainda vai passar.

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