Passa o menino na bicicleta
Tira um fino na canela
Da senhora que, com muito esforço
Sobe as escadas do ponto
Levanta de cá o corpo, ela é puro osso
E vontade de cantarolar
Passa de novo, toca o sino
Que menino danado de leve
Provoca o jornaleiro e se deixa levar
Atrasa um ponteiro e meio
Do relógio da praça
E você agora refaça
A ordem do nosso curto versar
O trem custa a passar
A hora embola na motoca do sorveteiro
Passa o menino sorrateiro
Faz careta e derruba a sacola
A senhora faz troça da cor de camisola
Da outra que vem ajudar
A rua amanhece, a contragosto
O posto ainda tem um céu
Respingado de selos
E chicletes moldados em fita
A dita senhora acena
O poema vira emblema
Na bicicleta do menino
Que ainda vai passar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário