Ando desesperada com tanto desmazelo, tanta frieza no toque, tanta palavra como fogo de artifício: uma só vez no ano, aos olhos esperançosos de mil idiotas, e que acaba por virar fumaça fedorenta, os envolvendo e encaminhando à mesmice de seus objetivos ultrajados e utópicos. Procuro em todas as direções um pé de amora novo, um bocado de clareza, e é tudo tão longe, tão grande!
Eu ando, e isso você não espalhe, querendo ter quem me ame, só pra ter com quem dividir tanto mundo. Mas acontece que ao mesmo tempo que sobra mais da minha metade, estou cheia até os cabelos de contas a pagar, afazeres e obrigações sociais afoitas. Ando achando muito e fazendo pouco, ando ansiosa e deprimida com meu fracasso em tantos sentidos, minha repetição, a sensação de ser reprise do último capítulo da novela(aquele que todos viram no dia anterior e que só serve aos mais desatentos e entediados).
Ando saindo por dizer que tenho muitos compromissos, e inclusive comprometida demais com cafés e revistas manipuladas pelos grandes para fazer a cabeça do resto. Ando cansada, fatigada de ser resto, e com uma preguiça danada de lutar pra me fazer do outro pólo. Mentir ou ser mentida? Bah, ando comendo pouca fruta, fazendo exercício nenhum, assistindo filmes cheios de Jack Blacks e Adam Sandlers - e ando desprovida de culpa por fazê-lo. Na verdade, ando de saco cheio. Sei tanto o que quero que não mais vou à Igreja, e valorizo tão mais meu suado dinheiro quanto aprendi a não gostar de como os olhos humanos o priorizam. Ando vendo muita televisão, e contabilizando nos fios de cabelo a irresponsabilidade geral e suas consequencias envolvendo quedas de barrancos e o que quer que seja. Aliás, precisava morrer o pobre do cachorro? Ando gostando muito de gatos, mas a culpa de tudo isso é de todos menos do animal, vítima da baderna e caos em que se encontra o mundo. E esse, caminhando pra um colapso que se adia, só em nome de me fazer andar e andar e sentir que não saí da rua. Aquela mesma de São Paulo, onde me encontro agora, cavoucando na mente meias palavras e meias verdades e contentando-me com a ânsia de fazer papel qualquer uma delas: por ora, isso me faz feliz.
E se quer saber, eu ando mesmo é atrás dos meus bocados de alegria, ilusória ou não. É que tenho andado demais.
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