Ei, menino de corpo curvado,
Você aí, com casaco engomado,
Que com as mãos um olhar despreza,
Que tira a beata da reza
Você que foi feito do olhar da Medusa
Que convence a mocinha a tirar a blusa
Que com tanta arrogância despende o cigarro
Que atrai do menino o olhar no carro
Você com sorriso de Monalisa
Que com teu faro confunde a brisa
Que já não se altera ao que está por vir
Cujo semblante se faz sentir
Que desvenda o que a mente atinge
Que derruba do pedestal a Esfinge
Você, garoto, de entranhas ferinas
Que dispersa fumaça naquelas esquinas
Você que possui nos cachos o Sol
Que traz na língua um pequeno anzol
Que carrega nos ombros um peso qualquer
Que conhece de cor perfumes de mulher
Poderia, -perdoe-me por tamanha indiscrição-
Tirar os olhos de minhas pernas e me dizer que horas são?
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