A pomba, emprumada e satisfeita,
do parapeito ainda a bruma namorava
e para cada transeunte que passava
erguia imunda, asa peito pena e cauda
quando seguia corpulenta senhorinha
ou apressada, bicava o pó no asfalto
ainda assim, atinava fluorescências
orgulhosas no pescoço imaculado
mas ao pousar janela altiva, por acaso
e ver migalhas de pão amanhecido
após semanas de estômago airado
propô-se então a matá-lo, envaidecido
pois se um salto a restringia ao vôo lento,
seria a fome a alçada ao suicídio.
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