sábado, 19 de novembro de 2011

Papapam-papapá; algum dia em 2010


Sapateava pelas estrelas
Nas cadentes e porosas das janelas
Pelas cortinas dos olhos dos meninos
Donos da rua, da lua e da noite.
Passinho pra cá, outro pra lá
Papapam-papapá.

Os cabelos em rebeldia
Varriam poeira
Dos asteróides rumo aos mares
Olhos fechados, e o canto de lábio
Contrário ao chão de olhos férteis.
E quase não houve Terra
Pra tantos olhos no espaço
Papapam-papapá
Fez-se som no universo inteiro.

As senhoras nas varandas enxugavam
As lágrimas com cheiro de chuva
Com jeito de garoa
E a menina dançando!
Sem ver as faces dos homens
Presas em seus dedinhos
Despidos de qualquer simetria
Vestidos de pura elegância
Tamborilando no vácuo.

A cidade já era só noite
E três mil anos luz-se passaram
Passaram pra ver sua saia
Dar asas aos ventos do leste
E o Sol chegou atrasado
Junto das nuvens mais densas
Amarradas em seus raios corteses
Papapam-papapá
Findou o show num bocejo
E a música ficou pra trás.

Papapam-papapá
Não conte essa minha história
Quadril pra cá, braços pra lá, um biquinho
E não foi escuro jamais
Os planetas foram estrelas
E os sorrisos, constelações
Brilhou nos polos mais findos
Papapam-papapá
Até hoje a bossinha ressoa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário